"Hipoteco meu mais irrestrito apoio aos termos do editorial de 15/02, 'Reforma só dos nomes', a propósito da timidez da proposta de reforma tributária que o governo cogita mandar ao Congresso. De fato, pelo que se sabe até agora, a proposta governamental não traduz uma verdadeira mudança na estrutura tributária nacional. Revela, tão-somente, uma meia-sola, que deixa inalterado o emaranhado fiscal-burocrático existente graças ao grande número de impostos que castiga o indivíduo, o empresário, a sociedade enfim, em todas as suas ações. A federalização do recolhimento do novo imposto, ainda sem nome definido, não faz mais do que acrescentar mais um segmento ao atual embaraço burocrático. Uma reforma tributária digna do nome tem que ter a marca da ousadia, da inovação, consubstanciada na adoção de impostos de caráter universal, não-declaratórios, de baixo custo para o contribuinte e para o governo. A proposta governamental ora em discussão deixa-me cada vez mais convencido da superioridade de minha proposta de implantação do imposto único, que gostaria de voltar a ver a Folha comentar e defender como alternativa a ser considerada neste importante momento da vida nacional, para a sociedade, que não suporta que se interfira em sua vida, que se alimente nela falsas expectativas, que, no final, não sejam outra coisa do que vã tentativa de mudar deixando tudo como está."
Marcos Cintra - Folha de S.Paulo