Os sufocantes impostos e as indecentes taxas de juros são fatores que vêm sugando a capacidade produtiva da economia brasileira. Essa dupla perversa tem se constituído no principal vilão das empresas e dos trabalhadores. Ao mesmo tempo que contribuem para reduzir a renda dos trabalhadores, aumentar o desemprego e comprometer a competitividade das empresas, os juros e os impostos praticados no Brasil causam uma brutal transferência de renda para o setor financeiro e o poder público. São elementos que punem quem efetivamente gera riquezas em nosso país.
Para visualizar melhor o cenário, enquanto a atividade econômica vem registrando neste começo de ano uma desaceleração, os bancos anunciam lucros extraordinários e o governo bate recorde de arrecadação. Desde 1998, a renda das pessoas ocupadas vem caindo. Para piorar, o governo abocanha outra parte dos rendimentos sob a forma de impostos, que crescem aceleradamente ano após ano.
O calvário dos trabalhadores aumenta quando conseguem obter crédito junto aos bancos. As taxas de juros em operações como a do cheque especial ultrapassam os 180% ao ano, isto numa situação onde a inflação anual não chega a 8%. A situação da maioria das empresas é igualmente penosa. Com uma carga de impostos sufocante, muitas empresas praticam a sonegação como forma de sobrevivência. Isso, por sua vez, gera injustiças em todo o sistema, uma vez que o contribuinte que não tem como escapar acaba pagando por quem sonega. Simulações mostram que apenas os tributos indiretos federais podem ter um impacto nos preços finais de vários setores de até 30%, carga que compromete a competitividade do produto nacional.
Além dos tributos, há ainda o elevado juro cobrado no financiamento do capital de giro para prejudicar as empresas. A Fundação Getúlio Vargas divulgou um recente estudo que mostra que essa linha de crédito impõe uma carga média de mais de 10% aos produtos finais, sendo que em alguns deles esse peso pode triplicar em relação a esta média. Portanto, dá para ver que no Brasil os agentes produtivos são duramente castigados para beneficiar o governo e os bancos.
Os impostos e os juros praticados no País são os mais elevados do mundo. Os graves problemas econômicos e sociais no Brasil somente começarão a ser equacionados com a economia crescendo de modo auto-sustentado. Isto será possível com uma reforma tributária que desonere a produção e com taxas de juros civilizadas. As empresas e os trabalhadores não podem continuar produzindo cada vez mais riqueza para os bancos e gerando fatias crescentes de recursos para os governos. Quem produz não pode mais continuar sendo punido.
Marcos Cintra é deputado federal.