Há séculos economistas tentam descobrir as causas do crescimento econômico para poderem eliminar a pobreza. Mas o governo brasileiro acha que encontrou a fórmula que uma profissão inteira vem procurando e ainda não achou.
Adam Smith sugeriu que o mercado livre e a especialização do trabalho seriam as causas fundamentais da riqueza das nações; Joseph Schumpeter priorizou a inovação tecnológica e a constante renovação dos métodos de produção como fontes do crescimento econômico moderno; Robert Solow tentou medir o impacto da poupança e do investimento na expansão econômica, mas não foi capaz de explicar um grande resíduo em suas estimativas que chamou de progresso tecnológico. Kenneth Arrow introduziu o conhecimento e a pesquisa nas equações do crescimento econômico; e John Galbraith sugeriu variáveis socioculturais como a base da armadilha da pobreza no mundo, entre muitos outros notáveis esforços de outros economistas. Contudo nunca se conseguiu produzir uma teoria geral do crescimento, mas apenas identificar alguns fatores determinantes no sucesso dessa corrida rumo à riqueza. Recentemente, Douglas North propôs que valores e instituições são determinantes no crescimento econômico. A crença de que boas instituições geram crescimento econômico é hoje aceita por todos.
De fato, há correlação entre instituições eficientes, garantia de contratos e estabilidade de direitos com crescimento econômico. Mas essa relação não indica quais caminhos adotar se se deseja estimular o crescimento. Recentemente me foi recomendado um texto que questiona a causalidade dessa correlação e que sustenta a tese alternativa de que é a qualidade do capital humano e a educação de um povo que geram crescimento e, subsidiariamente, também geram boas instituições. No Brasil, o caminho escolhido para a superação da pobreza tem sido o do redistributivismo, a nossa jabuticaba. Esse é o caminho mais ilusório e ineficaz de todos. A demagogia redistributivista dos "vale-isto" e "vale-aquilo", das bolsas "A" e bolsas "B", da distribuição de subsídios e isenções, da exacerbação da progressividade tributária e dos confiscos de terra e de riqueza para serem pulverizados entre os pobres jamais será capaz de eliminar a miséria. A dificuldade para romper o círculo vicioso da pobreza está no enraizamento do subdesenvolvimento nas estruturas sociais, econômicas, políticas e psicológicas da sociedade, como nos ensinou Galbraith. E isso não se altera com políticas assistenciais, que, ainda que justificáveis, não serão capazes de sanar o problema a longo prazo. A ruptura fundamental com esse dramático equilíbrio de pobreza acha-se na educação, como apontou Cristovam Buarque em sua notável pregação durante as últimas eleições presidenciais. A rádio Jovem Pan tem veiculado críticas severas à qualidade da educação em nosso país. Os depoimentos são chocantes. O homem público brasileiro não aprendeu com o sucesso do Japão e da Coréia do Sul, que investiram pesadamente em educação fundamental. O Brasil ignora esse clamor e confunde caridade, que é uma virtude pessoal, com políticas eficazes de geração de renda, virtude pública rara entre nossos governantes. Não se acaba com a pobreza punindo a riqueza. Com demagogia e pitadas de caridade, corre-se o risco de aprofundá-la.