A expansão dos encargos da dívida mobiliária federal em 46,6% em julho pode implicar o reaparecimento de apreensões acerca da consistência da atual política antiinflacionária. Não basta que sejam adotadas medidas de contenção da liquidez da economia mediante a elevação dos juros reais, como vem sendo feito. Se, por um lado, isso produz bons resultados no curto prazo, por outro pode significar o agravamento, a médio e longo prazos, dos desequilíbrios orçamentários do governo federal.
Quando o governo se sente forçado a pagar taxas de juros de 3,7% acima da inflação, como ocorreu em julho, o resultado é que os encargos da dívida também aumentam, pressionando o déficit público. Nos primeiros sete meses do ano, o déficit público operacional atingiu NCz$ 10,1 bilhões; no mesmo período, os encargos da dívida no regime de competência atingiram mais de NCz$ 15 bilhões (no regime de caixa, os números são, respectivamente, NCz$ 11,3 bi e NCz$ 9 bi). Nota-se, portanto, que os esforços imediatos de estabilização podem acabar comprometendo seriamente a estabilização da moeda no futuro.
Sem medidas estruturais de combate aos desequilíbrios fiscais, a opção por juros altos irá produzir apenas uma marota transferência dos problemas para o próximo governo, se é que tanto.
Fonte: IBGE