Que o nosso sistema político está podre, ninguém tem qualquer dúvida.
Está dominado, mas é capaz de alimentar todos os lados do espectro ideológico, ainda que alternadamente, como deve ser. Há rivalidades, mas todos sobrevivem, bem.
Mas sempre os mesmos. É um sistema fechado bem engraxado pelo Centrão.
O sistema tem defesas.
Se necessário, todos se unem para evitar que o sistema desmorone. Há que mantê-lo funcionando, do jeitinho que está.
Há exemplo mais claro de adversários se unindo para manter o “status quo” do que a esdrúxula coalizão em torno de um candidato como o atual prefeito de SP? Tudo bem dividido. Todos juntos.
Construiu-se, assim, o usual, o esperado, uma disputa por poder entre PT/PSOL de um lado, e de outro, o resto, tudo junto e misturado.
Nada de novo no quartel de Abrantes.
Mas eis que, do nada, surge um desconhecido da política, desbocado, agressivo, de dedo em riste, ousado até a beira da irresponsabilidade que ameaça o sistema. Mas diz coisas que não eram ditas. Mostra possibilidades que não eram imaginadas. Joga sozinho mas sob olhar de seus milhões de seguidores.
O circo pegou fogo. Esquerda, direita, centro, imprensa, intelectuais em uníssono o apontam como um charlatão e criminoso.
O curioso é que são as mesmas suspeitas, e algumas certezas, que pesam sobre seus algozes.
Ter sido condenado, preso, corrupto… quando tais acusações recaem nos membros do sistema, são coisas do passado, já assimiladas, e que se ocultavam no elegante maneirismo das disputas eleitorais. Mas se tornam tóxicas e escandalizantes quando o alvo é este insolente aventureiro que furou a bolha... que não fala em “programas de governo” mas foca nos vícios do sistema e de seus componentes.
Marçal chutou o pau da barraca. E isto me agrada.
Por isso temos mais quarenta dias para ouvi-lo.
Bolsonaro foi assim no seu tempo. Por que Marçal não pode construir o tempo dele?
Marçal tem vontade, tem atitude, sobra coragem, e mostra disposição para enfrentar o sistema.
Temos que ouvi-lo.