top of page
  • Marcos Cintra - Folha de S.Paulo

Imposto Único e consolidação do Real

Vira e mexe, o Imposto Único e o IPMF são trazidos à baila nas discussões sobre o futuro da política econômica brasileira. Até já se formaram alguns consensos, onde um imposto sobre transações financeiras tem participação importante:

1 - Só um ajuste fiscal estrutural poderá consolidar o Plano Real: a demanda agregada interna é pressionada pelos déficits fiscais e pelas formas inflacionárias com que vêm sendo financiados.

A volta do IPMF é uma solução natural. A experiência foi boa. Arrecadou-se mais de R$ 5 bilhões em 94. Trata-se de tributo eficaz, que não traumatiza o setor produtivo.

Outra boa opção seria utilizá-lo como contribuição social básica para a Previdência. Evitar-se-ia elevação das alíquotas e se corrigiria a excessiva oneração das folhas de pagamento, responsável pela fuga de 50% da força de trabalho para a economia subterrânea.

2 - Sem profunda reforma administrativa a reforma do Estado não vingará: parte significativa do "custo Brasil" está na burocracia. A complexidade da estrutura tributária, a excessiva regulamentação e a errática ingerência estatal na economia abalam a credibilidade da política econômica, geram corrupção e aumentam os custos da produção interna.

A necessidade de redução e simplificação dos impostos aponta na direção dos tributos não-declaratórios, como o Imposto Único e o IPMF.

3 - Sem a continuidade dos ajustes cambiais, a balança de pagamentos não resistirá: o governo foi imprudente ao permitir a valorização do real. As desvalorizações, contudo, implicam sérios riscos de reinflação. Sobe o preço dos insumos importados, a demanda interna aumenta e os produtores nacionais enfrentarão menores dificuldades para aumentar preços.

Impostos sobre transações financeiras, como o IPMF e o Imposto Único, são insonegáveis e universais. Ao aumentar a base impositiva, permitirão a redução da carga tributária no preço dos produtos. É o colchão amortecedor que permitirá a continuidade das desvalorizações cambiais, ao mesmo tempo em que neutralizará as pressões inflacionárias de custos.

 

Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque, doutor em Economia pela Universidade de Harvard (EUA).

Topo
bottom of page