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  • Marcos Cintra - Folha de S.Paulo

CPI: vaso trincado


A CPI dos bancos vai custar caro para o governo. Mesmo que ela não se instale, o vaso trincou, e a marca do incidente ficará carimbada. O caso do Banco Nacional tem todos os ingredientes de uma saborosa trama de intriga política e policial. Começa com um banco quebrado. Continua com fraudes que duram anos sem que BC ou auditorias privadas alertem. Passa por uma ligação familiar entre os controladores do banco e FHC, e termina com a transferência de cerca de US$ 5 bilhões dos cofres públicos para o banco. US$ 5 bilhões é quase o orçamento de São Paulo. Seus 120 mil funcionários, suas centenas de creches, escolas e postos de saúde, mais de um milhão de refeições por dia, obras, túneis, viadutos e asfalto são custeados esse valor por ano. É ainda a mesma quantia que o ministro da Saúde pleiteia para recuperar a saúde no país. São recursos suficientes para construir meio milhão de habitações populares, ou seja, para acabar com todas as favelas da cidade de São Paulo. Esse é o valor que o governo colocou nas mãos dos banqueiros falidos, em nome da credibilidade do sistema bancário brasileiro. Tudo indica que a CPI será abafada e que as negociações "políticas" vão acabar canalizando milhões de reais para o Estado governado pela filha do presidente do Senado. Acredita o governo que assim a credibilidade do sistema bancário será preservada. Vã ilusão. Mesmo sem CPI, o caso deixará marcas profundas. Ainda mais quando inviabilizada por métodos tão criticáveis quando os que se tentam esconder.

 

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