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  • Marcos Cintra - Diário do Comércio

Ralo de bilhões

A CPI dos bancos, ao que parece, não está morta. Há movimentação no Congresso, a partir da Câmara, para sua instalação. De outro lado, pesquisas de opinião mostram que a sociedade quer a apuração dos fatos e a punição dos culpados. Mas, até agora, o Governo, com espantosa rapidez, cuidou apenas de desembolsar somas astronômicas, a pretexto de resguardar a credibilidade do sistema financeiro.


Essa presteza dá a impressão de que as autoridades estão apavoradas, diante de um buraco cujo tamanho desconhecem, denotando descontrole da situação. Não há números precisos. Entretanto, fala-se em cerca de R$ 15 bilhões no volume de recursos envolvidos nos casos Econômico, Nacional e Banespa.


Não se tem notícia, no mundo, de uma operação de socorro dessa magnitude. Por muito menos, cerca de US$ 1 bilhão, a Inglaterra, um país rico, deixou quebrar o Barings, uma casa tradicional dentro do conservador sistema financeiro britânico.


Surpreendente, ainda, é a afirmação falaciosa do Governo de que, nas operações de salvamento por conta do Proer, ele não está gastando um tostão sequer, por quanto os recursos do programa são supridos por depósitos compulsórios dos bancos. Ora, qualquer dinheiro que entra, compulsoriamente, nos cofres do Governo configura imposto. Ademais, o depósito compulsório é um instrumento de política monetária que tem um custo suportado pelo contribuinte.


Logo, não tem cabimento essa conversa de que a operação de socorro é indolor para a sociedade e neutra para a estabilidade da economia. Seria a mesma coisa se o Governo resolvesse usar contribuições sociais para financiar jatinhos executivos para os empresários, sob o argumento de que tais recursos foram, originalmente, também supridos por eles e que, da mesma forma, esse desvio não implicaria sacrifício para a sociedade em termos de saúde, educação...


A sociedade não pode continuar com a sensação de que está, de novo, sendo enganada. Está na hora de o Governo deixar de tergiversar, sair de sua postura hesitante e defensiva e permitir que venham as explicações.


Marcos Cintra é vereador da cidade de São Paulo.

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