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  • Marcos Cintra - Folha de S.Paulo

Nada de muro no segundo turno


O Partido Liberal participou do primeiro turno das eleições municipais em São Paulo coligado ao PDT, de Francisco Rossi. Como candidato a vice na chapa, e apesar de não termos obtido a passagem para o segundo turno, creio que cumprimos os pressupostos básicos da participação democrática: elaboramos um programa administrativo com propostas concretas para a cidade, fizemos uma campanha limpa em torno de idéias, sem ofensas ou ataques a quem quer que seja; fortalecemos nossos partidos e elegemos nossas bancadas de vereadores. Mas, se a vida democrática não se resume a eleições, muito menos um partido pode dar por encerrada sua participação no processo eleitoral por ter sido derrotado no primeiro turno. A omissão representa voltar as costas para a população e lavar as mãos diante dos problemas da cidade e dos eleitores que nos honraram com seus votos no primeiro turno das eleições. Atitude pior que esta, e que infelizmente está ocorrendo em setores intransigentes e intolerantes do cenário político brasileiro, seria a de pregar o voto nulo, que é a antidemocracia, pois fere o direito e o dever que cada cidadão tem de dar sua contribuição para definir os rumos da cidade, do Estado ou do país. Igualmente criticável é o comportamento oportunístico dos que desejam se aproveitar da situação para se engajarem em negociações fisiológicas que evidenciam profundo desrespeito aos eleitores que neles confiaram durante o primeiro turno das eleições. Descartados liminarmente, pelas razões apontadas, tanto o voto nulo como a omissão e o oportunismo, só resta aos partidos e aos políticos que apostam na democracia como instrumento de transformação social e eliminação das desigualdades a escolha de um dos dois programas e do seu respectivo candidato e partido, que agora disputam a preferência do eleitorado no segundo turno. O Partido Liberal definiu-se rapidamente, sem hesitação ou tergiversação. Foi o primeiro a optar, publicamente, sem condicionantes ou acordos nebulosos. No caso de São Paulo, a escolha é facilitada porque os projetos em comparação estão bem definidos e são diametralmente opostos e antagônicos. Claro está que os eleitores que optaram no primeiro turno por outra candidatura que não a dos finalistas devem procurar entre estas duas aquelas que mais se aproxime do perfil programático do seu partido. Devem analisar não apenas as promessas de campanha, mas sobretudo os compromissos e as realizações concretas, no caso do PT e do PPB, quando foram governo. Abordando a questão por este ângulo, os eleitores dos partidos derrotados no primeiro turno devem apoiar Luiza Erundina e nela votar se: 1) concordam com a paralisação de obras em andamento; 2) preferem o estatismo e o inchaço da máquina pública às privatizações e à busca da eficiência administrativa; 3) aceitam o controle da administração e a definição de prioridades a partir da pressão de grupos corporativos, já que o PT deixou claro, tanto na administração passada da ex-prefeita Erundina como na campanha atual, que pode desmontar o PAS e o Cingapura para atender a grupos específicos, como defende ainda a greve nos serviços públicos essenciais e estimula o desrespeito aos princípios básicos da livre iniciativa, por meio das invasões das propriedades privadas. Se, ao contrário, o eleitor considera que: 1) a privatização da CMTC, que engolia US$ 1 bilhão por ano e tinha 28 mil funcionários, foi positiva e deve ser estendida a outras empresas municipais, como o Anhembi; 2) que obras paradas geram prejuízo e causam desemprego; 3) que a prefeitura deve atuar para defender o interesse de todos os cidadãos e não apenas o daqueles mais organizados, que utilizam os meios mais agressivos de pressão, e que programas como o PAS e o Cingapura devem continuar, a este eleitor, por coerência, cabe votar em Pitta no segundo turno. No meu caso, como presidente do Partido Liberal em São Paulo e como vereador, penso que é do meu dever tentar impedir que a cidade retroceda aos métodos de administração do PT, pondo a perder os avanços que foram duramente obtidos. E mais, como ex-secretário do Planejamento, cargo que acumulei com a função de secretário "ad honorem" da Privatização e da Parceria, devo atestar a capacidade de trabalho, a firmeza e o preparo técnico que pude observar no colega de pasta, o ex-secretário Celso Pitta. Para São Paulo não parar e ter chance de manter o rumo certo, meu voto e meu apoio, neste segundo turno, sem qualquer hesitação ou dúvida, são de Celso Pitta.

 

Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque, doutor em Economia pela Universidade de Harvard (EUA).

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