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  • Marcos Cintra

A sonegação como defesa

Há cinco anos, o brasileiro precisava trabalhar 3 meses no ano para pagar impostos. Hoje, são necessários quatro meses de trabalho para abastecer os cofres públicos. Considerando o nível de renda no Brasil, a carga tributária que recai sobre a sociedade é muito elevada. Para citar apenas um exemplo, veja um estudo que realizei comparando o imposto de renda no Brasil e nos Estados Unidos. A tabela abaixo resume bem a atual situação.


Percebe-se que enquanto nos Estados Unidos a alíquota efetiva passa de 15% para 19% a partir de uma renda tributável de R$ 9.900 por mês, no Brasil essa alíquota já é atingida a partir de R$ 1.200 por mês. Vale lembrar que renda tributável é aquela que excede o limite de isenção. No Brasil, esse limite é de R$ 10.800 por ano, o que equivale a R$ 900 por mês. Veja a tabela. A voracidade tributária do governo é brutal. A cada ano, o contribuinte vê uma parte cada vez maior de seus vencimentos se transformar em impostos, sem receber em contrapartida serviços públicos decentes. Não é à toa que no Brasil as pessoas buscam na sonegação uma forma de se proteger contra os abusos tributários do governo. A classe média assalariada, por sua vez, é a que mais sofre neste caso, uma vez que não tem para onde correr, pois quando recebe seus holeriths já tem o imposto descontado na fonte.




Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque, 55 anos, é doutor em Economia pela Universidade de Harvard (EUA), professor titular e vice-presidente da Fundação Getulio Vargas. Além disso, é presidente estadual pelo PI/SP e deputado federal por São Paulo.



Publicado no Jornal O Progresso: 23/11/2000

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