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  • Marcos Cintra - Diário do Comércio

Cidades ameaçadas

Segundo a ONU, as cidades abrigam hoje 3,4 bilhões de pessoas. Daqui a 20 anos esse contingente será de 5,5 bilhões de indivíduos – ou cerca de 60% da população mundial. Essa acelerada expansão populacional cria perspectivas de caos urbano nas grandes e médias cidades dos países em desenvolvimento, pois elas se acham despreparadas para abrigar em tão pouco tempo esse elevado contingente adicional de pessoas.

Metrópoles como São Paulo, por exemplo, sofrem ameaças de problemas urbanos agudos, que poderão se intensificar a ponto de produzirem colapsos de natureza ambiental, social e infraestrutural. Ainda em pequena escala, a cidade já sofre serio problemas de poluição e de congestionamentos, comprometendo seriamente a qualidade de vida de seus habitantes.

Por isso, é indispensável que os gestores públicos adotem uma postura responsável frente a tais problemas, deixando de ignorá-los e ou de empurrá-los para debaixo do tapete, como sempre ocorreu no Brasil.

Em apenas 48 anos a população da cidade de São Paulo quase triplicou, saindo de 3,8 milhões de habitantes em 1960 para 11 milhões em 2008. Ou seja, 7,2 milhões de pessoas a mais passaram a residir na capital paulista num espaço relativamente curto de tempo, número equivalente, por exemplo, à população de uma cidade como Londres.

Em termos de ocupação do solo, a mancha urbana na capital paulista cresceu desordenadamente. Houve proliferação de favelas e de loteamentos irregulares. Foram sendo ocupados terrenos públicos e privados e hoje cerca de 30% dos moradores em São Paulo vivem nessa situação subnormal e ilegal.

Surgiram vários problemas angustiantes relacionados ao abastecimento de água, destinação do lixo, esgotamento hídrico, poluição e congestionamento. Por tudo isso, é urgente pensar e repensar a vida urbana no Brasil.

O Conselho da Cidade, que criei em meados do ano passado, foi institucionalizado em evento no Sindicato dos Engenheiros e contou com a presença do prefeito Gilberto Kassab. Lá se reúnem técnicos de diferentes áreas com o objetivo de apresentar alternativas inovadoras para os problemas das megacidades que surgem no planeta.

São Paulo passou por grandes transformações nos últimos anos e hoje há um acúmulo de problemas que comprometem dramaticamente, e de modo acelerado, a qualidade de vida da cidade.

A perspectiva de aumento populacional, combinada com as mudanças socioeconômicas que o País vive, vai tonar a situação ainda mais crítica. Novas demandas urbanas estão surgindo e elas precisam de novos tratamentos. Velhas medidas não servem mais frente a uma dinâmica que assume novas formas.

O Conselho da Cidade é uma instituição para repensar as cidades e seus problemas. É uma primeira etapa cumprida, e que pretende trazer subsídios para a reflexão em busca de soluções para nossos problemas atuais e futuros. Pretendemos criar um banco de ideias para oferecer aos nossos governantes.

 

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