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  • Marcos Cintra - Folha de S.Paulo

Covas com Maluf

São Paulo está parando. De congestionamentos de trânsito. A cada dia são licenciados mais de 1.000 veículos na cidade. Desde o início do Real, são 300 mil automóveis a mais. Com um agravante: o atraso no ritmo de investimentos viários e de transportes ocorrido nas últimas administrações.

Resultado: um mesmo trajeto pode levar a metade ou o dobro do tempo. Horários ficaram aleatórios e a perda de horas/homem de trabalho aumenta. Sem falar nos custos na perda de qualidade de vida e no desgaste físico e mental que os engarrafamentos provocam.

As soluções aventadas variam segundo a ótica do proponente. Obras viárias, embora necessárias, no máximo podem procrastinar o colapso. Além disso, recuperar o atraso no sistema viário agrava o problema dos congestionamentos.

Outros defendem preços mais salgados para veículos e combustíveis. É método discriminatório. Esta solução só tira da rua os automóveis dos pobres. Não é justa.

Uma proposta está na moda: veículos com chapas pares circulam três dias por semana, as ímpares outros três e domingo é livre. O inconveniente é a falta de alternativa para aqueles que têm só um automóvel.

Mais uma vez, são os mais pobres que irão abrir alas para os ricos, que revezarão o uso de seus carros. Além disso, é solução paliativa, pois a frota continuará aumentando e o problema surgirá novamente.

A solução permanente e duradoura está nos transportes coletivos, no anel viário e na construção de terminais de carga na periferia da cidade. O custo é alto, mas não há melhor opção, principalmente agora que a Câmara aprovou os Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs).

Estes títulos são adquiridos da prefeitura e dão direito ao aumento do aproveitamento construtivo dos terrenos, após autorização legislativa. Metrôs e auto-estradas geram fortes impactos urbanísticos, permitindo o adensamento e a comercialização de "solo criado".

A parceria entre prefeitura e Estado é um caminho aberto para a realização destas obras.

 

Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque, doutor em Economia pela Universidade de Harvard (EUA).

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