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  • Marcos Cintra - Diário do Comércio

O calvário da classe média

A classe média brasileira vive um de seus piores momentos desde os anos 80. A crise econômica mundial, a escassez de energia e a alta do dólar potencializaram a queda na renda e o aumento do desemprego para quem ganha entre 10 e 20 salários mínimos.


Por outro lado, há o governo contribuindo decisivamente para infernizar ainda mais a sugada classe média. De modo parasitário, o poder público vem extraindo cada vez mais impostos para gerar superávits em suas contas, e assim arcar com os custos de uma dívida que saiu de R$ 62 bilhões em 1994 para R$ 670 bilhões em 2001, tirando desta forma recursos da atividade produtiva que poderiam estar gerando emprego e renda.


Os impostos no Brasil, que passaram de 22% para 35% do PIB em pouco mais de 10 anos, poderiam ser classificados como uma contribuição a um fundo perdido, uma vez que não há retorno para o contribuinte. Para se ter um mínimo de qualidade na educação dos filhos, a classe média tem que pagar escola particular, para ter um atendimento digno quando precisa de atendimento médico tem que gastar com plano de saúde, as vias públicas em péssimo estado de conservação obrigam a gastos frequentes com a manutenção dos veículos e a falida segurança pública impõe altos custos aos seguros patrimoniais e de vida.


Enfim, o contribuinte paga uma parafernália de impostos ao governo e ainda tem que arcar com uma série de "impostos secundários", se quiser ter uma condição de vida minimamente digna. Lamentavelmente, é o preço que se paga pelo pouco caso e pela incompetência dos governantes no trato da coisa pública.


Além disso, há a praga da corrupção, que contribui para arrebentar os cofres públicos, gerando riqueza indevida a grupos privados e miséria a uma massa crescente.


Para piorar a vida da classe média, o governo tem sido bastante generoso com os concessionários de serviços públicos e outros fornecedores cujos preços são administrados pelo poder público. Água, energia elétrica, pedágio, telefone, combustíveis são itens que vêm tendo participação crescente na cesta de consumo da classe média. Gasta-se cada vez mais com esses produtos.


A classe média, potencialmente o estrato alavancador do crescimento econômico, empobrece rapidamente com a situação do País. Aqueles que ainda estão empregados, e que trabalham cada vez mais para gerar imposto, enfrentam outro agravante que são as altas despesas financeiras impostas pelos juros indecentes praticados no Brasil.


Já os desempregados da classe média, além do drama das despesas crescentes frente à extinção da receita, vivem uma situação de desalento em relação ao mercado de trabalho. A crise deve se aprofundar e o governo não se mostra disposto a agir para enfrentar a situação, muito pelo contrário, ultimamente tem lutado com unhas e dentes contra a correção da tabela do Imposto de Renda, e ainda quer criar uma nova alíquota de 35% para esse imposto.


É triste, mas este é o retrato de uma classe média tributada como se fosse suíça, mas vivendo a realidade de um país pobre e injusto.


Marcos Cintra é deputado federal.

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