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  • Marcos Cintra - Folha de S.Paulo

Prefeitura: Prioridade fiscal

Impossível calar face à deslealdade profissional dos jornalistas Claudio Augusto da "Folha da Tarde" e Luis Henrique Amaral da "Folha de S. Paulo". A cobertura e o enfoque dados por esses jornalistas à reportagem sobre a Readequação Orçamentária da Prefeitura Municipal de São Paulo para 1993, com certeza consubstanciam um clássico exemplo de jornalismo engajado, e consequentemente contrário aos interesses dos leitores. Da mesma forma, trata-se de um comportamento contraditório com a orientação da direção do Grupo Folha, afirmação que faço baseada em oito anos de colaboração diária prestada por mim à Folha de S. Paulo.


Em notícias publicadas no dia 17 do mês passado, na "Folha da Tarde", assinadas por Claudio Augusto e Roger Ferreira, são assacadas as primeiras grandes inverdades acerca da proposta de Readequação Orçamentária. Em manchete afirmam: "Maluf tira verbas da Educação e da Saúde para fazer túnel". E prosseguem, "o Prefeito Paulo Maluf retirou recursos destinados pelo Orçamento de 93 à Saúde, à Educação e aos Transportes...".


Além de inverídicas as informações, como mostrarei a seguir, os jornalistas tentam caracterizar a questão como "manobra no orçamento". O termo, além de ofensivo, não condiz com o procedimento adotado pelo Prefeito, que encaminhou o Projeto de Lei de forma pública e transparente à Câmara Municipal.


Causam particular estranheza os números apresentados pelos jornalistas em tabela anexa às reportagens, sobre os quais não nos foi possível divisar o menor embasamento nos orçamentos municipais existentes.


No dia 2 deste mês, em carta à seção "Desabafo", da "Folha da Tarde", refutei as estatísticas apresentadas. A mesma só foi publicada no dia 7, e de forma absolutamente truncada, e ainda assim seguida de nova reafirmação dos números fabricados pelos jornalistas.


O mesmo tratamento editorial pode ser encontrado na "Folha de S. Paulo", em matéria assinada por Luis Henrique Amaral no dia 6 passado referindo-se ao orçamento da Prefeitura. Ele questiona: "Para onde vão os trilhões de cruzeiros? Para a Faria Lima, por exemplo (1,8 trilhão de cruzeiros), ou para melhoria das Marginais (um trilhão), ou para compra de remédios (1,5 trilhões), ou para construção de moradias verticalizadas (900 bilhões), ou para informatizar a rede escolar (200 bilhões), e assim por diante?"


O jornalista foi além. Em outra reportagem, chama a atenção para a previsão orçamentária de 4,2 trilhões de cruzeiros para pagamento de dívidas referentes às obras executadas em administrações anteriores. Omite, no entanto, que no orçamento original, elaborado pela administração anterior, a previsão envolvia 6,7 trilhões de cruzeiros, evidenciando, portanto, o empenho da atual administração em reduzir, no atual exercício, o impacto financeiro da dívida acumulada no passado.


Frente a tanta desinformação, foi solicitada entrevista coletiva no dia (8.7.93) durante a qual, por quase duas horas, discuti a questão com vários jornalistas, entre eles Luis Henrique Amaral e Claudio Augusto. Apresentei números mostrando cabalmente que a Prefeitura pretende manter 37% dos seus recursos em áreas tipicamente sociais: Habitação, Saúde, Bem-Estar Social, Cultura, Educação, Esporte e Recreação, percentual que já vinha sendo mantido nos dois exercícios anteriores (91 e 92). O resumo dos dados mostra um aumento efetivo de verbas de 11,9 trilhões de cruzeiros, como demonstra a tabela abaixo (em Cr$ Mil):


Secretaria da Habitação e Desenvolvimento Urbano:


  • Orçamento Original: 1.200.000.300

  • Orçamento Atualizado: 900.000.000

  • Aumento: 6.269.819.745


Secretaria Mun. de Educação: 110.285.000


Secretaria Mun. da Saúde: 1.363.950.000


Secretaria Mun. de Esportes, Lazer e Recreação: 558.224.000


Secretaria Mun. da Família e Bem Estar Social: 1.493.645.161


Secretaria Mun. da Cultura: 558.224.000


Secretaria Mun. do Abastecimento: 1.493.645.161


Total do aumento nas Áreas Sociais: 11.895.924.206


Inacreditavelmente, constato que na "Folha da Tarde" de sexta-feira (9.7), são dedicadas apenas 5 linhas à explanação dos dados que apresentei e, ainda assim, reafirmando o ponto de vista crítico e distorcido do jornalista.


Na "Folha de S. Paulo", minha argumentação não obteve mais do que 4 linhas. E novamente chamou-se a atenção com indevido destaque para o Projeto Faria Lima e para o pagamento de dívidas vencidas.

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