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  • Marcos Cintra - Folha de S.Paulo

Boa sorte, Brasil

Neste artigo despeço-me temporariamente do “Monitor”, coluna que venho assinando por quase Cinco anos. Durante os próximos três meses, quando estarei envolvido em disputa eleitoral, buscando uma cadeira na Câmara Municipal de São Paulo, me afasto deste espaço, por força da política editorial da Folha de S.Paulo.

Serão três meses cruciais para a economia brasileira, menos pelo que possa ocorrer, e muito mais pelo que poderá não acontecer.

Não se prevê qualquer inflexão importante na tendência inflacionária. A partir de agosto os aumentos de preços poderão sofrer ligeira aceleração, e o nível de atividade deverá se aquecer timidamente. É evidente que o agravamento da crise de confiança no governo e no presidente Collor poderá precipitar acontecimentos mais dramáticos na economia.

Contudo, as variáveis estritamente econômicas não fazem prever nada de mais significativo. Apenas a continuidade do marasmo.

Nisto reside a maior preocupação. Não há quem não veja condições altamente favoráveis para a economia do país. Contudo, faltam liderança, ousadia e coragem para sacudir o pessimismo e dar início a um novo ciclo de crescimento econômico.

Subitamente as iniciativas do governo cessaram. A privatização não caminha no ritmo adequado; a reforma fiscal transformou-se em mais um arrocho tributário; no "front" externo, todos aguardam definições mais claras dos rumos internos da economia brasileira. Infelizmente, tudo parece apontar para a inatividade, e não para a tomada de novas iniciativas.

O Brasil precisa de novos projetos. Há vários deles nas prateleiras. A independência da autoridade monetária, o Imposto Único sobre transações, os programas sociais de Hélio Jaguaribe. Também existem ideias notáveis nas cabeças de muitos homens públicos. Os programas de investimentos de Eliezer Baptista, as reformas administrativas do setor público de João Mellão, e a competência e engajamento em seus setores de atuação de José Goldemberg e Adib Jatene.

Ao cabo de 90 dias espero retornar a este espaço. Neste intervalo desejo que tenhamos caminhado em direção a estes focos de luz. Boa sorte São Paulo. Boa sorte Brasil.




Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque, doutor em Economia pela Universidade de Harvard (EUA)

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