O rio Tietê tornou-se navegável graças à construção de grandes usinas hidrelétricas, pela Cesp, dotadas de eclusas.
Juntando-se as barragens de Ilha Solteira, Jupiá e Porto Primavera, no rio Paraná, a Hidrovia do Tietê une-se com a do Paraná formando extensão de 2.400 km navegáveis.
Esta hidrovia Tietê-Paraná abrange área de 76 milhões de hectares, aproximadamente, onde é gerada quase a metade do PIB brasileiro.
Os governos brasileiro e paraguaio procuram financiamento internacional para a construção da eclusa de Itaipu, que, concluída, permitirá que as regiões produtoras e consumidoras de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e Paraná se liguem aos mercados da Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia, por uma rede fluvial de mais de 7.000 km de extensão.
Assim, a interligação das hidrovias Tietê-Paraná e Paraná-Paraguai deverá se constituir, em futuro próximo, no Sistema de Navegação Interior do Mercosul.
Os países desenvolvidos continuam investindo em hidrovias e seguem incentivando a navegação interior para economizar frete. Em suas políticas de transporte, preferem a hidrovia e a ferrovia, reservando as rodovias ao transporte de cargas nobres ou perecíveis, até 400 km de extensão. Entretanto, a maioria dos países do Terceiro Mundo desperdiçam seus escassos recursos financeiros no transporte rodoviário.
No ”The Encyclopedia of Transport" consta que com US$ 1,00 se transporta uma tonelada de carga a 335 milhas por hidrovia; a 67 milhas, por ferrovia; e a 15 milhas, por rodovia.
Na realidade, a implantação efetiva do Mercosul só ocorrerá quando os quatro países integrantes encontrarem meios físicos para se integrarem e isto -a exemplo da Comunidade Européia de Livre Comércio- ocorrerá por meio da interligação hidroviária.
Lá, o Sistema Reno-Meno-Danúbio assume o papel predominante. Aqui teremos, sem sobra de dúvida, o Sistema Tietê-Paraná-Paraguai.
Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque, doutor em Economia pela Universidade de Harvard (EUA).