O Brasil está sofrendo de uma doença mais grave do que a da vaca louca: uma anorexia nervosa causada pela síndrome do pânico antiinflacionário. O sintoma é o crescimento econômico anêmico.
Dois modismos explicam o baixo crescimento econômico mundial. O primeiro atribui o crescente desemprego e o baixo crescimento às políticas econômicas neoliberais.
Segundo alguns críticos, a globalização, os capitais especulativos e a concorrência dos baixos salários em países do Terceiro Mundo são as explicações para a crise atual.
Outros atribuem o desemprego a causas estruturais mais profundas, como a revolução da informática, que destrói empregos mais rapidamente do que os cria.
Segundo essa visão, pela primeira vez na história, uma revolução tecnológica não será capaz de criar um novo ciclo de crescimento sustentado.
No entanto, um estudo da Unctad mostra que a causa da estagnação e do desemprego está no temor exagerado de que o crescimento econômico possa reacender as pressões inflacionárias.
O resultado são políticas econômicas excessivamente conservadoras, que desestimulam a expansão da demanda e dos investimentos.
O Brasil começa a vivenciar os mesmos sintomas. O governo está adotando uma política que inviabiliza a expansão do emprego e dos investimentos.
Diante do fracasso das reformas estruturais, a única saída do governo é impedir o crescimento da economia, utilizando juros elevados, valorização cambial e exportando empregos por meio de uma abertura punitiva à concorrência externa.
Não é à toa que, no primeiro trimestre de 1996, o Brasil cresceu como o rabo, para baixo, em quase 2%.
Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque, 50 anos, é doutor pela Universidade de Harvard (EUA), professor titular e ex-diretor da FGV e vereador em São Paulo pelo PL.