Uma pesquisa recente realizada pela Boucinhas & Campos Consultores junto a empresários revelou que 41% deles consideram que a principal prioridade do próximo governo deve ser a redução da pesada carga tributária que sobrecarrega a sociedade brasileira. Outros 17% desejam que a próxima administração diminua o número de impostos. Em resumo, para 58% dos entrevistados, a questão dos impostos deve ser a primeira a ser tratada pelo futuro ocupante da presidência do Palácio do Planalto.
Esses números demonstram que os impostos são, de longe, a principal preocupação do empresariado brasileiro. Em segundo lugar, com 20% das respostas, aparece o desemprego, seguido pela redução das taxas de juros (9%), revisão das leis trabalhistas (4%) e mudança na taxa de câmbio (2%). Apenas 7% dos entrevistados não expressaram sua prioridade máxima.
Comentando a pesquisa, um sócio da consultoria destacou que é difícil acreditar que qualquer um dos candidatos prometa, durante a campanha, a redução da carga tributária, já que nenhum governo nos próximos anos poderá abrir mão de receitas diante de um déficit fiscal tão significativo. No entanto, a questão não é abrir mão de receitas, mas tornar o sistema tributário menos injusto. Atualmente, para cada real arrecadado pelo Tesouro Nacional, outro é sonegado. Isso é um índice alarmante. Se todos pagassem impostos, todos pagariam menos. No momento, a maioria dos impostos recai sobre os assalariados e as classes mais baixas de renda, pois são eles que não conseguem encontrar formas de diminuir os impostos devidos.
Nesse contexto, destaco o meu projeto do Imposto Único, que foi desvirtuado pelo governo e transformado na CPMF, mais um dos cerca de 60 impostos, taxas, tributos e contribuições que sobrecarregam os brasileiros. O Imposto Único seria aplicado sobre cada transação financeira, com uma taxa de 1% para quem paga e 1% para quem recebe. Seria um sistema simples e transparente. Acredito que o nível de arrecadação do governo não cairia, pois a base de contribuintes aumentaria substancialmente. Isso tornaria o sistema mais justo e eliminaria a sonegação. Além disso, Estados e Municípios receberiam sua parte automaticamente, sem depender de favores de Brasília. As empresas também reduziriam consideravelmente seus custos, eliminando a burocracia contábil existente atualmente.
Essas são as ideias que, caso seja eleito deputado federal, pretendo defender no Congresso Nacional. Estou certo de que o Parlamento irá abraçá-las. Afinal, só pode ser contra o Imposto Único quem sonega ou quem compactua com os sonegadores. Um imposto único é suficiente.
(*) Marcos Cintra é economista, Ph.D pela Universidade de Harvard, vice-presidente da Fundação Getulio Vargas e presidente do Partido Liberal no Estado de São Paulo.
Publicado no Jornal Perfil Econômico: 01/12/1998