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A geringonça tributária

  • Foto do escritor: Marcos Cintra
    Marcos Cintra
  • 3 de out.
  • 2 min de leitura

Empresto a expressão de Everardo Maciel para descrever o projeto aprovado do Imposto de Renda.


Tem duas partes:


  1. A primeira é correta, ao elevar a isenção para R$ 5 mil.


Aliás, se o governo atual e todos os que lhe antecederam tivessem tido um mínimo de responsabilidade social, teriam corrigido a tabela desde 1996, o que daria hoje uma isenção até acima dos R$ 5 mil.


Portanto, não se trata de benesse alguma, e sim de uma obrigação cumprida tardiamente para corrigir os abusos cometidos contra os contribuintes no passado.


  1. Já a segunda parte é desastrosa e um dos piores projetos tributários jamais vistos entre nós.


A compensação pela queda de arrecadação deveria recair sobre cortes de gastos.


Mas o atual governo não teve essa grandeza.


Preferiu aumentar a arrecadação sobre a já sofrida classe média (R$ 50 mil nunca foi renda de super rico!!!), que vai amargar a incidência de um novo imposto não previsto constitucionalmente (o IRPFM), e que bitributa rendimentos já tributados segundo nossa legislação.


Um despautério. Tem mais…


Há agora duas tabelas de IRPF superpostas e bitributação de dividendos.


Mais ainda, mistura IRPF com IRPJ e CBS/IBS: exigirá a fiscalização da tributação dos valores distribuídos por empresas para dimensionar a carga tributária PJ efetiva (exigência bizantina, tamanha sua complexidade) e vinculará o excesso de arrecadação de um tributo (o IRPFM) para fixar a alíquota de outro (o CBS/IBS).


Sem falar na tributação de remessas ao exterior em 10%, sendo que o Brasil tem o maior IRPJ dentre as grandes economias do mundo (34%).

Fuga de capital à vista.


Enfim, vale tudo para ganhar as eleições, e a oposição, que deveria pensar o Brasil a médio e longo prazos, se entregou alegremente a este festival de demagogia.


Que o Senado cumpra o seu papel e reavalie toda essa bagunça que caracteriza as várias “reformas” tributárias deste governo.

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