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Marcos Cintra

Os ensinamentos de Robert Lucas

J. Rauche, referindo-se ao Japão, diz que não foram as políticas macroeconômicas do governo que produziram prosperidade. "O que deu certo é o que funciona em qualquer lugar... Honestidade, educação, amor à poupança, direito à propriedade, sacrifício para o futuro e famílias sólidas que cuidam bem de suas crianças".


Esta citação vem a propósito da merecida concessão do Nobel de Economia a Robert Lucas.


O professor de Chicago transmitiu duas mensagens fundamentais.


A primeira é a falência do keynesianismo. Nos anos sessenta e setenta, as autoridades governamentais excederam-se no uso de políticas monetárias e fiscais. A ressaca não demorou. Logo veio a crise generalizada sob a forma de estagflação - uma terrível mistura de inflação com recessão e desemprego. Lucas demonstrou, com sua Teoria das Expectativas Racionais, que os agentes econômicos não se deixam iludir pela política econômica conjuntural e que somente mudanças estruturais podem levar ao crescimento econômico e à estabilidade permanentes.


A segunda mensagem, decorrente da primeira, é que o desenvolvimento econômico não surge do capricho dos burocratas ou dos formuladores de política econômica, mas da atuação de elementos fundamentais que dão suporte à moderna produção capitalista - principalmente, o conhecimento humano.


Lucas tem-se dedicado, recentemente, ao estudo da tecnologia e da educação, colocando-os no centro das modernas teorias de crescimento. De certa forma, seu trabalho confirma as palavras de J. Rauche e deixa um trágico recado para o Brasil, cujos governos insistem em ignorar os exemplos de países que investiram em educação, como os tigres asiáticos. Aqui a educação é desprezada, como mostram alguns dados do excelente estudo de Ib Teixeira, da FGV: 6 milhões de brasileiros em idade escolar não têm ensino básico; programas de alfabetização de adultos estão em queda, apesar dos 33 milhões de analfabetos; a proporção da força de trabalho com primário completo caiu de 45% para 40%, de 1976 até hoje; e 9 milhões de chefes de família não têm nenhuma instrução.


Estudos do Banco Mundial mostram que, em um ano, para cada crescimento de 1% no tempo de escolaridade da força de trabalho, a produtividade aumenta 4%.


Aliás, quem estiver convencido de que o investimento em capital humano é precondição para o desenvolvimento e desejar contribuir com a I Maratona do Livro, doando livros, usados ou novos, para fortalecer os acervos das escolas públicas, brasileira agradecem. Robert Lucas e a educação brasileira agradecem.



Marcos Cintra é vereador.

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