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  • Marcos Cintra - Folha de S.Paulo

Esgotamento do Real

A falta de vontade política paralisa o governo. As reformas estruturais não avançam. A quebra dos monopólios de energia e comunicações depende de regulamentação, que está bloqueada devido a pressões corporativas. A vinda de investimentos é uma esperança remota.


A reforma da Previdência acaba de sofrer um grave retrocesso na Câmara. Os privilégios foram mantidos, e apenas a aposentadoria por tempo de contribuição foi salva. Isso ocorreu porque o projeto é ruim, mas eficaz em causar estragos.


A reforma administrativa não avança. Além da resistência corporativa e de interesses político-eleitorais, ela enfrenta as complicações da reforma da Previdência. Um grande número de servidores antecipou suas aposentadorias, resultando em aumento das despesas com inativos e perda de quadros qualificados.


A reforma tributária é frequentemente criticada pelo que há de ruim nela. Também promete um processo tumultuado e demorado.


A queda da inflação é o grande feito do Plano Real, mantida à custa de uma política monetária e cambial que requer taxas de juros elevadas. O governo não consegue reduzir despesas e conter o déficit público.


O limite para essa política parece ter sido atingido. A dívida pública está em expansão, o desemprego está aumentando, a renda está caindo, o que compromete os mercados interno e externo, além de uma balança comercial deficitária que ameaça as empresas, as receitas fiscais e o equilíbrio social.


Os empresários em Brasília exortaram o governo a mudar de rumo. A capacidade do presidente da República para falar de improviso foi elogiada, mas a verdade é que nesse evento, os empresários sinalizaram o esgotamento da estratégia atual do Real.


 

Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque, 50 anos, doutor pela Universidade de Harvard (EUA), professor titular e ex-diretor da FGV-SP, e vereador em São Paulo (PL).

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