top of page
Marcos Cintra

SOS – Empresas


Empresários de diferentes setores vêm arcando com um custo altíssimo no atual processo de reestruturação da economia brasileira intensificado nos anos 90. Estes, que já sofreram na segunda metade dos anos 80 com a transformação do País em laboratório de experiências para economistas aventureiros e encantados pelo poder, convivem desde o início desta década com o fantasma da falência.

Dados do Instituto de Economia Gastão Vidigal, da ACSP, mostram que até 1990 ocorriam no Estado de São Paulo uma média mensal de 53 falências, enquanto que no período de 1991 até 1996 esse número saltou para 125, ou seja, um aumento de 136%. Até setembro deste ano foram registradas uma média mensal de 281 falências, um recorde no Estado.

A derrubada das barreiras alfandegárias, muitas vezes ocorrida de modo abrupto e desprovida de análises mais acuradas, e o fim da selvageria inflacionária a partir do segundo semestre de 1994, expuseram a ineficiência econômica de muitas empresas. O fato do País viver até o início dos anos 90 com uma economia extremamente protegida contra a concorrência externa e os altos níveis de inflação mascararam todo o sistema econômico nacional. Naquela conjuntura, toda e qualquer ineficiência era descarregada nos preços pagos pelos consumidores. Outro elemento decisivo para a morte de empresas tem sido a política de juros altos. A taxa real de jutos no Brasil é a mais alta do mundo, principalmente agora, com a elevação promovida pelos técnicos do governo, para que o País pudesse se defender da crise que abalou, e continua abalando, o mercado asiático. Tudo isto porque o governo não tem interesse em promover uma reforma tributária, já que, do jeito que está é benéfico para ele, pouco importando os custos que isso gera para toda a sociedade brasileira. Assim, os jutos se mantêm elevados como forma de atrair recursos financeiros para tapar buracos das contas públicas.

O Brasil precisa de uma enorme empreitada que reúna governo, empresários e trabalhadores. É fundamental que as associações empresariais e de trabalhadores se mobilizem mais intensamente no sentido de pressionar o governo a promover uma reforma tributária séria, que dê margem para a redução dos juros e que a educação formal e o treinamento para o trabalho se tornem prioridade número 1 no Brasil. Por outro lado, cabe ao empresariado assimilar a ideia de que a racionalização dos custos deva ser uma obsessão dentro da empresa.

Enfim, todos precisam entender que, na atual conjuntura, uma estrutura de custos eficientemente administrada, juros civilizados e trabalhador bem treinado são, de um modo geral, as chaves para a prosperidade.

 

Marcos Cintra é professor da Fundação Getulio Vargas

Topo
bottom of page