A queda de 0,5% do PIB brasileiro no terceiro trimestre deste ano em relação ao trimestre anterior foi pior do que o esperado. O resultado foi superior à média das estimativas, que era de um recuo de 0,2%. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, tentou explicar o desempenho ruim do PIB no terceiro trimestre dizendo que o recuo vai favorecer o resultado do quarto trimestre. A argumentação é, no mínimo, estranha, uma vez que, seguindo essa linha de raciocínio, teria sido melhor que o PIB tivesse caído ainda mais.
Quando o desempenho do último trimestre de 2013 for anunciado, o governo vai dizer que a economia está a todo vapor. Deve ser registrado um avanço, só que a base considerada, os três meses anteriores, registrou forte recuo. O Brasil teve o pior desempenho no terceiro trimestre deste ano entre as principais economias globalizadas. Em países como Espanha, Holanda e Alemanha, o PIB cresceu entre 0,1% e 0,3%. Nos Estados Unidos, houve avanço de 0,7%, no México e Reino Unido 0,8%, e na Coréia do Sul 1,1%.
O mundo ainda sofre os efeitos da crise global de cinco anos atrás, mas muitos países têm superado as dificuldades através de políticas econômicas eficazes. No Brasil, foi diferente. As ações na área econômica vêm sendo ditadas por interesses essencialmente políticos que ajudam a explicar o desempenho ruim da economia nos últimos anos. O crescimento médio anual do PIB entre 2009 e 2012 foi de 2,7%, pouco mais da metade da expansão média de 4,8% ao ano entre 2004 e 2008.
O fato a ser destacado é que o governo atual fragilizou a política econômica que deu sustentação ao crescimento do PIB entre os anos de 2004 e 2008. A crise global contribuiu para o arrefecimento da economia brasileira, mas internamente o afrouxamento das políticas monetária e fiscal e o intervencionismo excessivo contribuíram para os baixos índices de expansão nos anos mais recentes.
A deterioração das contas públicas, a pressão inflacionária e o intervencionismo exacerbado prejudicaram investimentos e criaram um horizonte nebuloso para os empreendedores. Vigora no país um modelo errático onde a vontade do governo fala mais alto do que as forças de mercado. O risco se tornou mais elevado no Brasil. Cumpre dizer que esse intervencionismo ocorre de modo desorganizado, pontual, sem transparência e com total viés político.
Como exemplo, há o caso da Petrobras, empresa dinâmica na economia brasileira, que foi fragilizada por decisões tomadas nos gabinetes políticos. O mesmo ocorre com o BNDES, Banco do Brasil e Caixa, que deixam em segundo plano os aspectos econômicos na tomada de decisão. O desempenho da economia é cada vez mais pífio e não deve mudar no próximo ano. O governo ainda se segura em termos de popularidade por conta do mercado de trabalho. Mas, isso tem hora para acabar.
Talvez a ideia seja levar tudo como está até as eleições. O problema é que isso vai exigir ajustes mais penosos mais à frente e o país vai pagar um preço muito alto, sobretudo os trabalhadores, que hoje mantêm os bons índices de aprovação do governo.