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Marcos Cintra

Pior resultado em 25 anos

Sob o pretexto de acelerar o crescimento do PIB, Dilma Rousseff assumiu em 2011 defendendo uma maior intervenção do Estado na economia. Ao longo de sua gestão, ela deixou de lado o regime de metas de inflação e agiu de forma negligente em relação às contas públicas, acreditando que o modelo intervencionista manteria a atividade econômica se expandindo de maneira sustentável.


O sistema de metas de inflação e o regime de superávit primário não são suficientes para acelerar o crescimento econômico, mas são fatores que promovem um maior grau de previsibilidade na tomada de decisão pelos agentes privados em relação aos investimentos, que são a base para uma expansão sustentável do PIB. No entanto, a elevação da inflação e o enfraquecimento das contas públicas durante o governo de Dilma aumentaram a incerteza na economia. Isso foi ainda mais prejudicado devido ao intervencionismo excessivo do Estado, que expandiu os gastos e o endividamento sem conseguir impulsionar significativamente a atividade econômica.


Outro fator que tem impacto negativo na economia brasileira é a infraestrutura. O governo tentou atuar nessa área, mas os resultados foram insatisfatórios. As licitações de ferrovias, aeroportos, rodovias e portos foram mal conduzidas e tiveram pouco impacto na produção nacional. A competitividade da economia brasileira continua sendo prejudicada por problemas na infraestrutura, que é fundamental para reduzir o chamado "custo Brasil".


O modo como o PT conduziu a gestão pública já não é mais sustentável. Não é viável continuar baseando a economia no consumo doméstico e na intervenção excessiva e ineficaz na vida econômica. As famílias de classe média estão endividadas, e o aumento dos preços está diminuindo seu poder de compra. O desemprego está em crescimento, e a atuação do governo está gerando resistência para investimentos privados, já que a percepção de risco aumentou no setor empresarial. A intervenção do governo na atividade produtiva tem sido desastrosa, com destaque negativo para o setor de energia elétrica, cujo custo crescente devido às falhas de Dilma está afetando cada vez mais os consumidores.


Além disso, juntamente com a má condução da política econômica, há o enfraquecimento do cenário internacional. A queda nos preços das commodities ocorreu devido à desaceleração econômica na China, e a expectativa de aumento das taxas de juros nos Estados Unidos reduziu o fluxo de capitais para o Brasil.


O resultado da política econômica do governo atual foi um crescimento médio de apenas 2,1% entre 2011 e 2014, metade da expansão do PIB mundial no mesmo período, com a inflação atingindo níveis elevados. No entanto, as perspectivas para este ano são ainda piores, com as políticas equivocadas do PT levando a uma queda de mais de 2% na economia. Isso representará o pior resultado desde 1990, quando o governo Collor confiscou a poupança e o PIB encolheu 4,3%. Enquanto isso, países como Chile, Colômbia, Peru e México estão prevendo um crescimento em 2015 entre 2,5% e 3%, apesar dos desafios econômicos globais.

 

Marcos Cintra é doutor em Economia pela Universidade Harvard (EUA) e professor titular de Economia na FGV (Fundação Getulio Vargas). Foi deputado federal (1999-2003) e autor do projeto do Imposto Único. Atualmente, ocupa o cargo de Subsecretário de Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo.



Publicado na Revista AMais: Agosto de 2015

Publicado no Jornal A Gazeta Regional (Caçapava-SP): 07/08/2015



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