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  • Marcos Cintra

Criminosos ganham espaço

A sensação de insegurança vem aumentando no Brasil. Há um sentimento de que os criminosos estão ganhando espaço. O último relatório da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo retrata essa situação ao mostrar que o avanço da criminalidade é uma realidade. Os crimes violentos no Estado saltaram de 80.434 no segundo trimestre de 2010 para 91.764 no mesmo período deste ano, um crescimento de mais de 14%. Vale ressaltar que nesses dois anos, a população paulista aumentou pouco mais de 2%, passando de 41,2 milhões para 42,1 milhões de habitantes.


É importante destacar que as vítimas de latrocínio foram os casos que mais cresceram no Estado de São Paulo no período de comparação, com aumento de 49,2% no número de ocorrências. Em seguida aparecem os estupros (+27,5%), roubos (+8%) e as vítimas de homicídios dolosos (+5%). A ineficácia da atual política de segurança pública no Brasil é um fato. Vira e mexe o avanço da violência é destacado nos meios de comunicação, mas as autoridades se limitam a ações meramente paliativas. Não se age na raiz do problema.


O economista e prêmio Nobel de economia da Universidade de Chicago, Gary Becker, mostra em sua obra "Crime e castigo: uma abordagem econômica", que a ação do criminoso que visa obter vantagem é precedida de uma avaliação de risco na relação custo/benefício do crime. Para Gary Becker, o criminoso decide agir quando conclui que o benefício de sua ação delituosa será maior que o risco que terá que correr. Sente que poderá sair ileso, ou, se for preso, que o preço pago à sociedade não é tão alto.


A criminalidade não será solucionada no curto prazo. Há um estoque de criminosos que precisa ser enfrentado com a recuperação do sistema prisional e uma rigorosa revisão das leis penais. É preciso elevar o risco para o criminoso. Por outro lado, o País precisa estancar um fluxo que potencializa a marginalidade. É necessário atacar a violência cometida na distribuição da renda e educar com qualidade no ensino público para enfrentar o problema. Por enquanto, a questão que fica, mais uma vez, é: quantas pessoas perderão a vida ou sofrerão traumas até que as autoridades repensem a falida estrutura da segurança pública brasileira?


 

Marcos Cintra - Economista

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